Efésios 5:26-27
Quando
pensamos em uma igreja como a nossa, tantos pensamentos nos vêm à mente.
Podemos contemplá-la de várias formas: Podemos destacar a sua unidade, a sua
alegria na adoração, o seu compromisso com a evangelização, o seu cuidado para
com as crianças, a sua fidelidade com a obra missionária, o seu zelo pela
abertura de outras igrejas, o seu amor para com as Escrituras. Tantos outros
sentimentos maravilhosos nos vêm à mente quando pensamos na igreja,
especialmente naquela que frequentamos.
O
salvo é ligado à igreja; ele a ama e espera o melhor de Deus para ela. Quem a
despreza é o diabo, não os salvos. O inimigo de nossas almas será sempre o
acusador dos irmãos (Ap 12:10), o que persegue a igreja e busca o seu mal. Para
esta tarefa Satanás não precisa da nossa ajuda. Ele cumpre bem o seu papel.
Infelizmente alguns de nós se aliam a ele na função de menosprezar a igreja de
Cristo.
Podemos
também destacar os erros da igreja, pois eles existem. Qualquer um de nós poderia descrever as falhas
da igreja, dos irmãos e dos seus líderes. O próprio Senhor Jesus nas cartas à
igreja do Apocalipse destaca os erros e desvios das suas igrejas; no entanto
Ele não as despreza. Ele chama todas ao arrependimento, à sensatez e à fé genuína.
Este texto, mas especialmente o verso 27, fala
de uma igreja que aos olhos de Cristo é gloriosa, sem mácula, sem ruga, santa e
sem defeito. Conquanto o texto esteja apontando, em um primeiro momento, para
aquela igreja da “parousia”, que se
encontrará com Cristo no arrebatamento, fala também da igreja militante de
hoje, visto que o processo de santificação e lavagem pela Palavra já se iniciou
na igreja desde a sua origem. Ele espera a noiva gloriosa mas é Ele mesmo que a
prepara para a grande recepção. A visão que Jesus tem da sua igreja é de uma
noiva gloriosa.
É aqui
que está o nosso maior desafio. A nossa velha natureza está sempre sensível
para ver as rugas e as máculas da igreja. No entanto devemos vê-la com os olhos
espirituais. Devemos perguntar como Jesus a vê. Qual a visão do fundador da
igreja (Mt. 16:18) do seu cabeça, a respeito dela? E olhando a igreja com os
olhos de Jesus ele a vê como gloriosa (v.27).
Ele
sabe que ela é imperfeita, que tem máculas, rugas e as manchas do pecado. Ele
sabe dos erros de sua noiva, da limitação de seus líderes, da velha natureza de
seus membros, mas Ele a vê gloriosa, mesmo que ela a seus próprios olhos e aos
olhos do mundo não seja vista assim. O termo “endoxon” (gloriosa) fala de brilho, resplendor, prestígio e honra.
A
igreja não é gloriosa porque se declara assim. O Senhor Jesus é quem a toma e a
apresenta assim: para apresentá-la a si
mesmo igreja gloriosa. Ele a torna como gloriosa e os méritos são todos
dele, e não da igreja. Assim como o marido vê a sua esposa como santa e sem
defeito, Cristo vê a sua igreja.
A igreja é gloriosa por vários
motivos. Primeiramente porque Jesus a iniciou. Em Mateus 16:18 Jesus diz que
iniciaria a Sua igreja: Sobre esta pedra
edificarei a minha igreja.
Em Atos a igreja nasce após os Apóstolos
receberem a ordem de Jesus para permanecerem em Jerusalém (Atos 1:4). No
capítulo dois o Espírito Santo batiza os salvos e inicia a igreja de Cristo.
Jesus, enquanto aqui já anunciava o surgimento de um povo que
seria unido à semelhança da união do Pai com o filho (Jo. 17:20-21).
O Apóstolo Paulo orienta que
não se pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo (1Co. 3:11).
O Senhor Jesus prometeu estar
presente onde, em seu nome, pessoas se reunissem (Mt. 18:20).
A igreja é gloriosa porque é
uma criação de Jesus. Ele a viu e a
anunciou e se fez o seu fundamento, por isso ela gloriosa.
A igreja é gloriosa porque Jesus
é seu cabeça (Ef. 5:23-24). A glória da igreja é vista na glória daquele que a
dirige (Cl. 1:15-19). Na perfeição de Cristo a igreja se esconde; na justiça
dele ela é justificada.
Em um nível pessoal é assim
que acontece conosco. Nós só somos aceitáveis diante do Pai por causa da
perfeição da obra de Cristo. Nós somos pecadores demais e Deus é santo demais.
A nossa comunhão não seria possível se Jesus não nos outorgasse a sua justiça.
É na beleza dEle que o Pai nos aceita.
Assim a igreja é pecadora, mas
nela está imputada justiça
de Cristo. Ela é a sua carne, parte de seu corpo, por isso Ele jamais a
desprezará (v.29).
A igreja é gloriosa porque
Jesus a resgatou. Ele se entregou por ela (Ef. 5:25). O seu amor foi o motivo
pelo qual Ele se entregou por ela e a resgatou.
Pedro, neste sentido, fala do
alto preço que Jesus pagou pela sua igreja.
Sabendo
que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo
precioso sangue, como de cordeiro, sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo
(1 Pe. 1:19-20).
Aquilo
que nos custa muito valorizamos mais. Jesus tornou a igreja gloriosa ao
derramar o seu precioso sangue por ela, na cruz. Ainda que a salvação seja uma
experiência individual, existe uma dimensão de resgate que é da igreja, do
corpo coletivo de Cristo. Os salvos de
todos os tempos serão chamados no céu de a igreja dos primogênitos (Hb. 12:23).
Na consumação de todas as coisas a igreja se unirá ao Espírito Santo celebrar a
salvação (Ap 22:17). Ele a apresentará a si mesmo gloriosa (Ef. 5:27). Ela ainda não ainda pronta para subir gloriosamente
e ainda precisa ser alimentada e cuidada (v. 29); mas chegará o dia das Bodas
do Cordeiro (Mt. 25:10; Ap. 19:7, 9), do encontro nas nuvens (1 Ts. 4:17). No
final de tudo a igreja será convidada a subir (Ap. 22:16-17).
Que lições podemos tirar de
tão precioso texto? Se aos olhos de Cristo a igreja é gloriosa, não podemos
menosprezá-la. Os que assim fazem não serão louvados (1
Co. 11:22). Em certo aspecto perseguir a igreja é como perseguir o
próprio Senhor Jesus (At 9: 1-5). Somos
chamados a ajudar na sua edificação como pedras vivas. (1 Pe. 2:5). Servir à
igreja é servir a Cristo que é o seu cabeça. A igreja é composta por pecadores;
ela precisa dos cuidados do Salvador; ela requer o nosso serviço, mas Jesus
olha para ela e diz que ela é Gloriosa.
Amemos a igreja, trabalhemos
nela, cresçamos nela, ajudemo-la, oremos por ela, busquemos o seu bem, pois
além de sermos membros uns dos outros (Ef. 5:30), somos parte do corpo de
Cristo. Isto é glorioso. A sua igreja local, pequena ou grande, é gloriosa,
porque ali as virtudes de Cristo o
seu cabeça se manifestam. Ela é propriedade exclusiva de Deus (1 Pe
2:9). Sofra as aflições da igreja, como fez Paulo (Cl 1:24) e se alegre com a
sua glória.
Pr. Luiz César