Josué 24. 14-28.
INTRODUÇÃO
Uma das marcas de que uma
igreja está indo bem, se fortalecendo é quando há famílias inteiras nela e
estas famílias servem juntas ao Senhor.
O famoso puritano Richard Baxter, depois de perceber que as famílias não vinham juntas à igreja, nem oravam juntas, dedicou boa parte de seu ministério a se reunir com as famílias da igreja e a dirigir o culto da família até que está aprendesse a orar sozinha e a servir ao Senhor como família. Ele entendia que uma igreja somente será forte se as famílias forem fortes também.
O clamor de Baxter parece ser o clamor de Josué aqui neste texto, e o clamor de nossos pastores hoje.
Precisamos que as famílias
sirvam ao Senhor e sejam fortes espiritualmente para que a igreja seja aquilo
que Deus projetou para ela. Josué ficou gravado na história por muitas
conquistas, mas talvez a maior delas foi descrita aqui neste verso 15: Eu e
minha casa serviremos ao Senhor.
O desafio que cada um de nós
tem aqui neste dia é seguir o seu modelo. Este texto foi deixado aqui para ser
como um exemplo para cada um de nós. Deus quer que a nossa casa o sirva da
mesma forma. Neste texto temos alguns princípios pelos quais podemos nos orientar:
I - SERVIR AO SENHOR COMO
FAMÍLIA EXIGE UMA DECISÃO (v. 14-15).
Josué sabia que os seus
liderados estavam pendentes entre servir a Deus e aos falsos deuses
territoriais (v.14). Não houve nas palavras de Josué uma imposição, mas as suas
palavras demonstram que vale muito uma decisão ao lado de Deus (v.15).
Na Bíblia uma boa decisão ao
lado de Deus vale muito. Abrão decidiu não tomar posse de nenhuma riqueza que
não fosse de Deus. Após ganhar uma guerra não quis os despojos desta guerra
porque entendia que toda a sua riqueza deveria vir de Deus (Gn 14.18-24).
Daniel resolveu firmemente em seu coração não se contaminar com as iguarias do
rei (Dn 1.8). Jesus demonstrou a intrépida resolução de subir para Jerusalém
para morrer em nosso lugar (Lc 9.51). Talvez a história tivesse sido outra se
ele não tivesse agido assim.
Vejam os irmãos que aqui a
decisão maior partiu do homem, do chefe da família, daquele que era o sacerdote
do lar. Aqui temos fundamento sólido para dizer que os homens precisam tomar a
liderança espiritual de suas famílias. No entanto se este falhar, os demais
membros da família podem se unir em oração até que todos estejam no propósito
firme de servir ao Senhor e não aos deuses.
E quais são os nossos deuses
hoje? São muitos dos pequenos deuses que atrapalham a família de servir ao
Senhor, mas podemos citar o secularismo, o amor ao dinheiro, às trivialidades,
a TV, a internet, até mesmo o trabalho e tantas paixões que nos acometem.
Cada um deve analisar a sua própria vida e família e descobrir aquele quarto escuro onde não permitimos o Senhor Jesus reinar. Talvez haja em cada lar um lugar onde a luz de Cristo ainda não brilhou.
Tudo pode mudar hoje se os
irmãos tomarem uma decisão. A vida é feita de decisões e a melhor delas é a de
servir ao Senhor. A decisão que Josué propôs ao povo era de servir ao Senhor
com integridade e fidelidade.
Que palavras fortes.
Integridade quer dizer servir com toda a vida. Jesus certa vez reverberou estas
palavras ao dizer que devemos servir ao Senhor com todo o coração, alma, força
e entendimento (Lc 10.27).
A fidelidade nos remete para o
pensamento de que Deus quer ser Senhor absoluto de nosso lar. Que decisão
maravilhosa será a nossa se decidirmos por Deus.
II- SERVIR AO SENHOR COMO
FAMÍLIA EXIGE TESTEMUNHO (16-18).
É interessante que
imediatamente após Josué decidir ao lado de Deus, o povo que o cercava seguiu o
mesmo caminho (v.16-18).
Josué poderia ter resolvido servir ao Senhor no recôndito do seu lar, mas preferiu compartilhar com o povo de Deus o que decidira. Ele estava no mesmo espírito do Senhor Jesus que muitos anos depois nos ensinaria que a luz deve brilhar e o sal deve salgar (Mt. 5. 14-16).
O povo de Deus, agora influenciado por Josué, faz coro à suas palavras. Eles também querem servir ao Senhor.
Que grande influência tem uma família que serve ao Senhor com firmeza. Não menosprezemos o impacto que tem um lar unido no serviço do Senhor. Olhos curiosos e ouvidos atentos nos perseguem. Mas aqui há também o exercício de falar, de compartilhar aos demais o nosso compromisso com Deus.
Josué tomou uma decisão
familiar, mas a compartilhou com o povo que o rodeava. Não devemos guardar para
nós o que Deus tem feito em nossos corações.
É interessante que Josué cita
para o povo a idolatria deste mesmo povo. Mas o povo cita para Josué os feitos
do Senhor. Deus estava agindo e tudo teve início em uma decisão. Agora, após o
testemunho desta decisão, o povo se agrega no mesmo propósito.
A história da igreja tem
demonstrado que igrejas nascem muitas vezes a partir de famílias dedicadas ao
Senhor. Uma família se muda para determinada região e logo agrega a si outras
famílias.
O testemunho cristão transmitido por uma família cristã é de um impacto enorme. O contrário também é verdadeiro. O mau testemunho pode prejudicar muito o crescimento do evangelho.
Num mundo que se perde, não podemos nos calar. O ideal é que a nossa casa fosse uma extensão da igreja, um farol naquela rua, um lugar onde quem entrar encontre Deus.
Vocês podem testemunhar do grande amor de Deus, do sacrifício único de Jesus na cruz, podem falar do perdão dos pecados, da reconciliação universal, do novo céu e da nova terra.
Tomem a decisão hoje de fazer de suas famílias uma bênção. Tome para vocês as palavras de Deus para Abraão: Seja tu uma bênção (Gn 12.2).
III- SERVIR AO SENHOR COMO
FAMÍLIA EXIGE CONSAGRAÇÃO (19-25).
Vejamos a sequência dos fatos:
Josué toma a decisão de servir ao Senhor; o povo, ouvindo este testemunho toma
uma decisão no mesmo sentido. Agora Josué fala do que esta decisão requer. Uma
decisão de agradar a Deus exige consagração. O argumento de Josué ainda hoje
nos assusta: Deus é santo e somente pode ser servido em santidade (v.19).
Deus pode castigar o seu povo por causa do seu pecado (v.20).
Será que o nosso Deus mudou e não tem hoje as mesmas exigências? É claro que não. Ele ainda trata dos nossos pecados com a mesma firmeza do passado.
Mas o povo entendeu o recado
de Deus e expressou a sua decisão de servir ao Senhor de maneira consagrada. O
povo responde positivamente (v.21).
É maravilhoso quando um povo se sente liderado por uma liderança espiritual e segue a sua orientação.
É maravilhoso quando um povo se sente liderado por uma liderança espiritual e segue a sua orientação.
Assim, de maneira prática o povo se consagra, jogando fora os seus deuses (v.23) e fazendo uma nova aliança com Deus (v.24-25).
Testemunhar famílias se
consagrando e renovando a sua aliança com Deus deve ser o alvo de toda igreja.
Um culto como este pode ser o cenário de uma consagração assim tão intensa.
Observem três passos essenciais: Ouviram a palavra de Deus testemunhada por
Josué, abandonaram seus ídolos e renovaram sua aliança com Deus.
Nós sabemos que estes passos ainda precisam ser dados: Somos convidados a prestar atenção ao que Deus está falando, a confessar os nossos pecados (1 Jo 1.9) e experimentarmos a nova aliança que Deus propôs a nós através de Cristo Jesus.
Jeremias vislumbrou um tempo
em que Deus faria uma aliança magnífica com o seu povo (Jr. 31.31). Jesus
cumpriu esta profecia ao oferecer o seu sangue como base desta aliança conosco
(Mt 26.28). Que privilégio temos nós de estarmos nesta fase da história e
podermos beber deste cálice da nova aliança.
Assim, deveríamos tomar a
mesma decisão daquele povo do ano 1400 A.C. devemos, como famílias desta
igreja, confessar e abandonar os nossos pecados e fazermos um pacto com Deus de
o servirmos de uma maneira que nunca fizemos antes.
CONCLUSÃO (v.26-28)
Para selar aquele encontro com
Deus, aquele pacto solene, Josué fez um cerimonial. Colocou uma pedra debaixo
de um carvalho para celebrar o encontro daquele povo com Deus (v. 26-28). Agora
não debaixo de um carvalho, mas aos pés de um calvário que podemos também
depositar o nosso compromisso.
Não selamos um compromisso assim com uma pedra, mas com orações sinceras, com palavras medidas, pesadas. Com um compromisso fiel diante de Deus. Todos nós deveríamos dizer, de todo o coração: eu e minha casa serviremos ao Senhor. E Deus ouvirá as nossas orações e registrará consigo e nos abençoará com certeza.
Pr. Luiz César Nunes de Araújo