Pedi
ao SENHOR chuva no tempo das chuvas serôdias, ao SENHOR, que faz as nuvens de
chuva, dá aos homens aguaceiro e a cada um, erva no campo.
Porque
os ídolos do lar falam coisas vãs, e os adivinhos vêm mentiras, contam sonhos enganadores
e oferecem consolações vazias; por isso, anda o povo como ovelhas, aflito,
porque não há pastor.
Contra
os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes-guias; mas o SENHOR
dos Exércitos tomará a seu cuidado o rebanho, a casa de Judá, e fará desta o
seu cavalo de glória na batalha.( Zacarias 10.1-3)
O
SENHOR me disse: Toma ainda os petrechos de um pastor insensato,
porque
eis que suscitarei um pastor na terra, o qual não cuidará das que estão
perecendo, não buscará a desgarrada, não curará a que foi ferida, nem
apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas e lhes arrancará até as unhas.
Ai do
pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada lhe cairá sobre o braço e sobre
o olho direito; o braço, completamente, se lhe secará, e o olho direito, de
todo, se escurecerá. (Zacarias 11.15-17).
O
verso dois termina com um lamento de Deus sobre Israel: não há pastor.
Deus
sempre se utilizou de pastores para guiar o seu povo. Ainda hoje Ele escolhe
alguns e dá a eles o dom do pastorado. Pois Deus mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para
pastores e mestres (Ef 4.11). O texto diz que Deus “concedeu” uns para
pastores. Os pastores são presentes de Deus para a igreja. Deus poderia governar o seu povo sem este
instrumento humano, mas Ele faz uso de pessoas fracas para governar o seu povo,
o seu rebanho.
Ele
mesmo, Deus, é chamado na Bíblia de o pastor de Israel. Diz-nos o texto bíblico
que o seu arco permanece firme, os seus braços são feitos ativos pelas mãos do
poderoso de Jacó, sim pelo Pastor e pela pedra de Israel. (Gn 49.24). No Salmo
23, Davi tem a visão de Deus como o seu pastor pessoal. Diz ele: O Senhor é o
meu pastor (v.1). O Senhor Jesus é
chamado em João 10 de o bom pastor, aquele que dá a vida pelas ovelhas e as
conduz para os pastos verdejantes (v.9).
Algumas
vezes estes pastores são os próprios reis de Israel. Deus se utilizava de
pessoas em várias funções para pastorear o seu povo. Davi, por exemplo, em
Ezequiel 34. 23 é mencionado como um pastor do povo de Deus: Suscitarei para
elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará;
ele lhes servirá de pastor.
Deus
ainda hoje usa pastores para guiar o seu povo. Chegará o dia em que Jesus
reunirá o seu povo em um único rebanho. Ali, já no céu, haverá um só rebanho e
um só pastor (Jo 10.16). Durante a história de seu povo, no entanto, Deus se
utiliza de homens e mulheres para pastorear o seu rebanho.
Quando
não há pastor há consequências muito ruins para o rebanho. Vejamos algumas
destas consequências:
Zacarias faz um contraste de seu ministério, que
pede bênçãos sobre o povo (v.1) e sobre o ministério de pessoas mentirosas e
enganadoras.
Sem o pastoreio não há direção segura e
espiritual. Os que lideram o rebanho sem o chamado pastoral falam coisas vãs,
mentirosas e enganadoras (v.2).
O povo sempre teve necessidade de direção.
Quando esta não é segura o povo vagueava sem orientação segura.
Os ídolos do lar aqui nos remetem a Gênesis
31.19, à casa de Labão. Este tinha os seus ídolos familiares. Como alguém disse
certa vez: cada família sem Cristo acaba por nutrir seus próprios demônios,
visto que o ídolo não é nada, mas são representações de demônios, seguindo o apóstolo
Paulo.
Que digo, pois? Que o sacrificado ao
ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que
as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e
eu não quero que vos torneis associados aos demônios (1 Co 10.19-20).
No tempo dos juízes estes ídolos eram usados em
cerimônia de adivinhação:
E,
assim, este homem, Mica, veio a ter uma casa de deuses; fez uma estola
sacerdotal e ídolos do lar e consagrou a um de seus filhos, para que lhe fosse
por sacerdote. Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que
achava mais reto (Jz 17.5,6).
Este
pecado já havia condenado na época de Saul:
Porque
a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto
a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, já ele te rejeitou a
ti, para que não sejas rei sobre Israel (1 Sm 15.23).
Mas ainda agora, na época da restauração de
Israel, a prática de consulta-los havia voltado. Deus adverte o povo.
O texto fala dos adivinhos que falavam mentiras
e conduziam o povo ao erro em nome de falsos sonhos e falsas visões. 70 anos
antes Jeremias já havia travado uma dura batalha contra estes adivinhadores:
Não deis ouvidos aos vossos profetas e
aos vossos adivinhos, aos vossos sonhadores, aos vossos agoureiros e aos vossos
encantadores, que vos falam, dizendo: Não servirei o rei da Babilônia. Porque
eles vos profetizam mentiras para vos mandarem para longe da vossa terra, e
para que eu vos expulse, e pereçais (Jr. 27.9,10).
Esta falta de direção foi uma das causas do
cativeiro; mas o povo havia se esquecido deste duro castigo de Deus. Não era
aceitável a Israel voltar a praticar algo tão grave assim.
Baldwin faz uma aplicação deste pecado para os
nossos dias:
Um paralelo moderno é o renovado
interesse em magia, espiritismo e outras reminiscências dos tempos primitivos.
O equivalente atualmente mais conhecido é ignorar Deus totalmente e dizer que
não há nenhum problema que o homem não possa resolver.
Sendo mais específico vemos o povo de Deus ainda
refém de sonhos, de revelações, de profecias, de direção errada.
Quando não há pastor para pregar, para
aconselhar, para visitar, para interceder pelo povo, não há direção segura.
O povo é dado a coisas assim, estranhas ao que
Deus orienta. A história de Israel e a história da igreja demonstram que o povo
despreza a Palavra do Senhor pregada e ensinada. Há uma preferência para o
místico, o fantasioso, as fábulas das quais Paulo fala a Timóteo (2 Tm 4.3-4).
Aqui o profeta fala da chuva. Ele diz que orou
para que Deus desse chuva a seu tempo (v, 1). No entanto os adivinhos
prometeram chuvas mesmo não sabendo de nada.
Deus continua no mesmo propósito, o de dar ao
seu povo os pastores que apontarão a direção segura para o rebanho:
Dar-vos-ei
pastores segundo o meu coração, que vos apascentam com conhecimento e com
inteligência (Jr. 3.15).
II
QUANDO NÃO HÁ PASTOR NÃO HÁ CONSOLO
O povo de Deus estava aflito (v.2). As ovelhas
sofrem porque homens mentirosos as orientam para longe do Senhor. Uma ovelha
fica aflita quando não tem alimento, quando se perde, quando fica doente.
Ezequiel
tem uma visão parecida com essa de Zacarias:
As minhas ovelhas andam desgarradas por
todos os montes e por todo elevado outeiro; as minhas ovelhas andam espalhadas
por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque. Portanto, ó
pastores, ouvi a palavra do SENHOR: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR
Deus, visto que as minhas ovelhas foram entregues à rapina e se tornaram pasto
para todas as feras do campo, por não haver pastor, e que os meus pastores não
procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as
minhas ovelhas (Ez. 34.6-8).
Em Isaías 40.11 há uma referência ao Messias que
apascentaria o seu rebanho, entre os seus braços recolheria os cordeirinhos e
os levaria no seio; as que amamentam ele guiaria mansamente.
Jesus também demonstra muita sensibilidade com
os seus contemporâneos, que tinham líderes religiosos, mas não eram
pastoreados. Diz-nos o texto bíblico:
Vendo ele as
multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas
que não têm pastor.
E continua: A
seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai pois, ao
Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara (Mt. 9.36,37).
Pastores e líderes espirituais são instrumentos
de Deus para de alguma forma aliviar a aflição do povo de Deus. Todos, em algum
tempo, precisam ser consolados. Paulo, por exemplo, cita Filemon e destaca que
os corações dos santos eram consolados por este velho amigo (Fm 7). Mesmo este
experiente obreiro estava se sentindo tão angustiado que necessitava da
presença de Tito para ter um pouco de alento:
Porém Deus, que conforta os abatidos,
nos consolou com a chegada de Tito; e não somente com a sua chegada, mas também
pelo conforto que recebeu de vós, referindo-nos a vossa saudade, o vosso
pranto, o vosso zelo por mim, aumentando, assim, meu regozijo (2 Co 7.6,7).
Que belo dom este o do pastorado. Dentre todas
as atribuições tem a de consolar, a de alguma forma, diminuir a aflição do
rebanho. E como seria este consolo? Talvez com as práticas mais simples do
ministério: visitação, oração, pregação, presença, amor, amizade, companheirismo
e coisas assim. Como as igrejas sofrem quando não há pastoreio amoroso e
cuidadoso.
Os falsos pastores oferecem consolações vazias
(v.2), baseadas em falsas visões e mentiras. O povo continua aflito.
III
QUANDO NÃO HÁ PASTOR NÃO HÁ BÊNÇÃO (v.3. 11.15-17).
Zacarias diz que Deus quer fazer do seu povo um
“cavalo de glória” (v.3), fazendo alusão a um cavalo vitorioso nas batalhas. Ovelhas se transformam em cavalos de guerra
nas mãos do Senhor. O povo de Deus será suprido por Deus, mas os maus pastores
e falsos obreiros seriam castigados, para estes não há bênção alguma (v.3). O
mesmo sentido tem as palavras no capítulo 11.15-17:
O SENHOR me disse: Toma ainda os petrechos
de um pastor insensato,
porque eis que suscitarei um
pastor na terra, o qual não cuidará das que estão perecendo, não buscará a
desgarrada, não curará a que foi ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a
carne das gordas e lhes arrancará até as unhas. Ai do pastor inútil, que
abandona o rebanho! A espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o
braço, completamente, se lhe secará, e o olho direito, de todo, se escurecerá.
(Zc 11.15-17).
É inútil o trabalho do pastor que não cuida das
ovelhas que estão perecendo, que não busca a ovelha desgarrada, que não cura a
ferida e nem apascenta as demais. No verso 17 Deus diz que o seu trabalho é
inútil, sem bênção alguma. É uma insensatez querer conduzir o rebanho de Deus
sem zelo e dedicação. Deus chama este homem de um “pastor insensato” (11.15).
Que bênção há para o pastor e para o rebanho de
um trabalho feito sem zelo? Nenhuma; pelo contrário, nos dois textos Deus se
mostra muito indignado com um pastoreio por interesses. Alguns querem apenas
comer a carne das ovelhas gordas e arrancar-lhes as unhas (11.16). Este é o
mesmo sentido de um lobo e não de um guia espiritual. Jesus chama gente assim
de mercenária (Jo 10).
Pedro, no mesmo espírito, fala da necessidade
dos pastores se dedicarem ao rebanho, sendo modelo dele, para que receba do
supremo pastor, em sua vinda, não o castigo, mas uma coroa de glória (1 Pe
5.1-4). O cuidado com o rebanho redunda em bênção sem igual; o trabalho mal
feito atrai a ira de Deus. O que vamos escolher?
Pensemos nisto todas as vezes que estivermos
cuidando das coisas de Deus; quando estivermos orando pelo rebanho; quando
estivermos preparando as mensagens. Podemos atrair a bênção de Deus ou a sua
ira. Que Deus nos ajude a fazermos o melhor.
CONCLUSÃO
Quando
não há pastor, quando não há líderes espirituais, quando há indolência, quando
não há dedicação, o povo fica sem direção, aflito e os que assim o fazem, não
têm bênção alguma. Que este texto nos conduza a uma dedicação cada vez maior.
Seja qual for o trabalho que o Senhor colocar em nossas mãos, que o façamos com
zelo, com dedicação, com consagração.
Que no final de tudo recebamos as bênçãos e não
a ira do Senhor.
Que recebamos, conforme Pedro, a coroa de
glória. Diz ele:
Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar,
recebereis a imarcescível coroa a glória (1 Pe 5.4)
Pr. Luiz César