Entristeço-me quando ouço
irmãos denegrindo a pessoa ou o ministério de um pastor; nada mais contrário à
orientação bíblica, quando exorta as ovelhas a honrarem, amarem, e cuidarem de
seus líderes espirituais (Hb 13:7, 17). Pior ainda é quando a crítica, e muitas
vezes a maledicência disfarçada de ilustrações e comentários, partem de outro
pastor. Como é triste ver alguém, até mesmo no púlpito, denegrindo a imagem ou
o ministério de seus colegas. O que ganha o Evangelho com tais práticas? Que beneficio terá o Reino de Deus com tal
procedimento? É como se o que fala estivesse à parte, ou acima das fraquezas
que acompanham um ministro de Deus. Os pastores, como todos os crentes, são ao
mesmo tempo “santos e humanos”, estão sujeitos às mesmas inclinações carnais
dos demais homens, e por isso, devem ser alvos de orações, exortações,
conselhos e até repreensões. Nunca, no entanto, de frivolidades e referências
que os expõem e aos seus ministérios à vergonha.
O pastorado é de uma nobreza
tão grande, que não deve ser medido pelas falhas de alguns, mas pelos acertos e
dedicação de muitos. Se alguém insiste em destacar os pontos negativos dos
pastores, e eles efetivamente os têm, deve também ter o cuidado de honrá-los a
seu tempo.
A história de nossas igrejas está permeada
pelo testemunho de seus obreiros. Que abnegação pode ser vista na maioria
deles; que zelo eles têm pela Palavra; que amor pelas almas perdidas; que
dedicação aos seus rebanhos; que fidelidade à sua denominação e à sua
vocação. Os membros de nossas igrejas
devem orgulhar-se dos pastores que têm, agradecer a Deus por suas vidas e
propiciar para que eles tenham condições para desenvolver um bom o ministério.
Bons crentes são boas ovelhas, amigas de seus pastores, visto que eles zelam
por elas.
E os erros do pastor, o que
fazer com eles? O mesmo que se faz quando qualquer membro da igreja erra. Ele
deve ser confrontado, caso não se arrependa, deve ser levado à liderança da
igreja, e dependendo da gravidade do erro à liderança denominacional. No
entanto tudo isso feito debaixo de oração e discrição. A falha de alguns é o de
“compartilhar” com outros os erros de seus pastores, sem ter dado a eles ou à
sua liderança a oportunidade de avaliarem a questão. Algumas pessoas parecem não gostar de
pastores, causando a estes muitos males e prejudicando os seus ministérios e
conseqüentemente as suas igrejas. Paulo orienta a notarmos bem aqueles que
causam divisões na igreja e nos afastarmos deles (Rm 16:17-18). João fala de um
homem que não lhe dava acolhida e impedia os irmãos de fazê-lo (3 João 9).
Pessoas como estas ainda estão em nossas igrejas e precisam ser advertidas.
Por fim, faço minha as
palavras de Jonathan Edwards, pregador puritano do século XVIII, que no culto
fúnebre do Pastor David Brainerd se pronunciou assim:
“Quanta coisa há, em
particular, nas coisas que têm sido observadas sobre esse emitente ministro de
Cristo, para animar-nos, a nós que fomos chamados para a mesma obra do
ministério do evangelho, a cuidado e esforços fervorosos, para que sejamos cheios
do mesmo Espírito, alentados pela mesma pura e ardente chama de amor a Deus, e
pelo mesmo zeloso interesse em promover o reino e a glória do nosso Senhor, e a
prosperidade de Sião! Quão amável esses princípios tornaram esse servo de
Cristo em sua vida, e quão abençoado o seu fim! Ah, que as coisas que foram
vistas e ouvidas dessa extraordinária personalidade, a sua santidade, a
excelência do seu caráter, o seu trabalho, e a abnegação da sua vida, a maneira
tão notável de devotar-se, e de devotar tudo quanto lhe pertencia, no coração e
na prática, à glória de Deus, e a maravilhosa estrutura mental manifesta de
maneira tão firme, sob a expectação da morte, e das dores e agonias que lhe
seguiram, despertem em nós, ministros e povo, um devido senso da grandeza da
obra que nos cabe fazer no mundo, da excelência e cordialidade da religião
integral, na experiência e na prática, da bênção do fim de uma vida como essa e
do valor infinito da sua recompensa eterna, quando estaremos ausentes do corpo
e presentes com o Senhor; e efetivamente nos estimulem a esforços para que, nas
pegadas dessa vida santa, cheguemos afinal a um fim tão abençoado”.
Acrescentado a isso, que de um lado os pastores se dediquem tanto a
Cristo e ao seu ministério, para que tenham um fim tão nobre quando o de David
Brainerd, e mesmo o do Apóstolo Paulo (2 Tm 4:7) Do outro, os membros e
congregantes de nossas igrejas honrem sempre a homens como estes (Fl 2:29).
Pr. Luiz César Nunes de Araújo.