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A QUESTÃO DO ABORTO E A DECISÃO DO STF.





A vida corre perigo e agora sob a tutela da lei. Ao não criminalizar pessoas que praticam aborto até no primeiro trimestre de gravidez o supremo abriu as portas para uma perigosa jurisprudência que poderá matar milhões de bebês em gestação a partir de agora. 

Em 2012 os ministros do STF já haviam considerado que o aborto de feto anencéfalo também não constitui crime. Essa decisão pode ser usada como orientação por juízes de outras instâncias, caso queiram, o que contraria o próprio Código Penal, que adverte que aborto somente pode ser realizado por um médico apenas quando a gravidez representa risco à vida da gestante ou quando ela resulta de estupro, o que também questionaremos neste texto a seu tempo. Também, e com relevância ainda maior, o quinto artigo da Constituição Federal garante a todos o direito à vida. O embrião humano é vida humana, que é garantida pelo Estado Democrático Brasileiro.

Não bastasse tal decisão, o STF (Supremo Tribunal Federal) caminha para, num futuro próximo, descriminalizar o aborto para mulheres infectadas pelo vírus da zika. Os defensores do aborto encontraram nesta doença uma porta aberta para a liberação do aborto que extrapola qualquer fronteira aceitável.     

 Nossa sociedade tem se acostumado com algumas anormalidades, como homossexualismo, bissexualidade, troca de parceiros, sexo antes e fora do casamento e ao que tudo indica, se acostumará com qualquer tipo de aborto. Estes temas que já foram sinônimos de depravação, desrespeito e crime contra a vida, agora parecem não assustar mais. Aos poucos nossas barreiras vão caindo. Abandonamos o que é absoluto e não denunciamos mais o que a Bíblia considera como uma anormalidade. Sofremos muito pouco com o que contraria os preceitos de Deus. As justificativas dos homens para prática do aborto vão suplantando os valores espirituais e até morais.   

           
            Duas perguntas nos ajudarão na compreensão deste assunto:


  1. SERIA O ABORTO UM ASSASSINATO?

Penso que a resposta a esta pergunta é “não” e “sim”.

Não se pensarmos apenas nas palavras de Êxodo 21.22 que afirmam que provocar a morte de um feto ou embrião não deve ser punido com o mesmo rigor do que o assassinato de um ser já nascido. Diz assim o texto:

 Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porem sem maior dano, aquele que feriu será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juízes lhe determinarem. Mas, se houver dano grave, então darás vida por vida.

De fato, a punição para a morte do não nascido, pelo menos neste texto, não tem a mesma punição do que quando se tratar de um ser nascido. No entanto há uma punição de acordo com os juízes da cidade. Não é um ato impune.
 Sim, é crime se observarmos que, desde a concepção o não nascido tem valor emergente à medida que se desenvolve, segundo a mesma Palavra de Deus.

Geisler contribui com este pensamento da seguinte forma:

 “Se um bebê não é plenamente humano, o que é, então? É sub-humano? Pode ser tratado como um apêndice, uma extensão descartável do corpo da mãe? Não, um nenê não nascido é uma obra de Deus que aumenta enquanto se desenvolve... Cristo foi Deus-homem a partir da concepção (Lucas 1:31-32)”.

A ciência demonstra que um embrião possui todo o genoma humano, isto é, nele estão todas as características que o individuo terá quando adulto. Se não for interrompido em seu desenvolvimento, o embrião se transformará em um novo ser humano. O não nascido recebe a totalidade da sua potencialidade genética já na concepção.

 Normam Geisler nos ajuda novamente com a seguinte compreensão:

 No fim de quatro semanas um sistema cardiovascular incipiente começa a funcionar. Com oito semanas, a atividade elétrica do cérebro pode ser lida e a maioria das formações dos órgãos essenciais está presente. E dentro de dez semanas o feto é capaz de movimento espontâneo. Com isso fica evidente que cada ponto de progresso realiza um valor aumentado até que, finalmente, o pleno valor humano é atingido.

 Se seguir o seu curso natural o embrião se tornará um homem em toda a sua plenitude.  Do ponto de vista bíblico o conceito de vida real e vida em potencial se misturam.  A linguagem bíblica é muito propensa a entender um bebê não nascido como pessoa. O Profeta Isaías fala do Senhor que o criou e o formou desde o ventre materno (44. 2, 24). Desde o ventre o profeta se entendeu como que contemplado por Deus e chamado para o ministério profético (49.5). Outro profeta, Jeremias, fala que foi conhecido e consagrado por Deus antes mesmo de ser formado no ventre materno (1.5). O salmista Davi, no mesmo sentido, fala de Deus o tecendo e o formando no ventre de sua mãe. Relata ele o seu crescimento como de uma semente plantada na terra (Salmo 139.13-15). O salmista sente o cuidado de Deus para com ele já no período embrionário.  Tais afirmações nos indicam que Deus se importa com o ser humano mesmo que este seja apenas e ainda um embrião.
 É impressionante observar que em Lucas 1.15 João Batista foi considerado uma pessoa real mesmo antes de ser concebido. Ele, conforme Lucas, seria grande diante do Senhor, não beberia vinho nem bebida forte e seria cheio do Espírito Santo, já no ventre materno.  O próprio Senhor Jesus, ainda no ventre de sua mãe, no primeiro mês de gravidez de Maria, foi chamado por Isabel de “meu Senhor” (Lucas 1.43).
Todos estes textos demonstram o valor da vida embrionária aos olhos de Deus. Tais afirmações somente reforçam a nossa convicção de que na concepção, isto é, na junção do espermatozoide com o óvulo, a pessoa já é considerada por Deus como gente. O maior valor, no entanto, deste pensamento se deu pelo fato de Jesus, nosso Salvador, ter vindo ao mundo passando pela forma embrionária, ainda que miraculosamente, sem que houvesse a coabitação entre seus pais. Quando Jesus veio a ser reconhecido como homem? No momento da concepção Jesus já foi assim conhecido. Tudo o que Ele viria a ser enquanto homem, já estava destacado nas palavras do evangelista. Ele seria grande e seria chamado filho do altíssimo. (Lucas 1:31-32). 
A conclusão a que devemos chegar é que um embrião não é nada menos que um ser humano em potencial. Um embrião é um organismo vivo, pertence à espécie humana, é irrepetível e único sobre a terra. Ele ainda não se desenvolveu plenamente, mas a sua trajetória rumo à maturidade já se iniciou, e ninguém, senão Deus pode interromper o seu caminho.


2.      O ABORTO PODE SER JUSTIFICADO DE ALGUMA FORMA?

Às vezes é argumentado que o aborto deveria ser legal e permitido quando a gravidez ocorre em situações especiais tais como questões econômicas desfavoráveis, em ambiente crise conjugal, ou quando fatores morais e até psicossociais se impõem. Juízes têm autorizado aborto com muita facilidade levando sempre em conta a pessoa da mãe e do ambiente psicossocial e quase nunca o valor e o direito à vida do nascituro. No entanto, o aborto nunca é justificável. Sempre haverá uma saída ética, moral e espiritual para quaisquer das questões citadas. Os caprichos e os desejos de uma mãe e de um pai não estão acima do direito à vida de cada ser em formação. Quando o feto se torna viável, quando o seu curso natural está pronto para seguir, deveria haver, por parte de todos, um esforço singular para que o seu desenvolvimento se torne possível. O bem estar dos progenitores não pode interferir no direito à vida dos que por eles foram gerados. O direito à vida deve ser maior do que todos os outros e maior do que todas as circunstâncias. O não planejamento, a tentativa de se esconder um adultério, as questões sociais, psicológicas significam um salvo conduto para se interromper uma vida que já é viável? A resposta tem que necessariamente ser negativa.
 Mesmo o aborto pela razão de uma deformidade prevista deve ser evitado. Liberar o aborto, por exemplo, para uma grávida infectada pelo vírus Zika, como propõem alguns ao STF, não é razoável diante do conjunto de todo o ensinamento bíblico e cristão. Em nome da “saúde pública” não se pode eliminar crianças não nascidas que, em detrimento de suas deficiências, são pessoas.
 Testemunhos de pais de crianças que nasceram com alguma deformidade demonstram que estas são preciosas e com potenciais vários. Elas podem e devem ser amadas e não descartadas.

Que preciosas as palavras de Geisler quanto a este ponto:

 O argumento em prol do aborto pela razão da deformidade prevista é insuficiente. Em primeiro lugar, a porcentagem de possibilidade de deformidade não é tão alta como às vezes é antecipada. Além disto, cerca de metade dos casos em que as crianças nascem com defeitos sérios, o defeito pode ser corrigido ou compensado de modo satisfatório mediante operações ou ajudas artificiais. A segunda razão, e a mais básica, contra o aborto em razão da mera deformidade, é que uma criança deformada é plenamente humana e capaz de relacionamentos interpessoais. A deformidade normalmente não destrói a humanidade da pessoa. Logo, o aborto artificial de um feto deformado, mesmo nos poucos casos em que isto possa ser sabido com certeza de antemão, é tirar o que pode tornar-se uma vida plenamente humana. Os defeituosos são humanos e têm o direito de viver. O aborto impede de antemão este direito.

A história a seguir pode muito nos auxiliar na compreensão dos fatos:

Certo professor, querendo provar a seus alunos quão falho pode ser o raciocínio humano, propôs à sua classe a seguinte situação:
Baseados nas circunstâncias que mencionarei a seguir, que conselho dariam a certa senhora, grávida do quinto filho: O marido sofre de sífilis; ela, de tuberculose. Seu primeiro filho nasceu cego. O segundo morreu. O terceiro nasceu surdo, e o quarto é tuberculoso.
Ela está pensado seriamente em abortar a quinta gravidez. Que caminho aconselharia a tomar?
Com base nos fatos apresentados, a maioria dos alunos concordou em que o aborto seria a melhor alternativa. O professor, então, disse aos alunos: Se vocês disseram sim à ideia do aborto, acabaram de matar o grande compositor Ludwig van Beethoven.

O certo é que sempre haverá uma saída moral, ética e espiritual melhor que o assassinato de um nenê.
John Piper observou com muita perspicácia este valor:

“Onde quer que você vá neste planeta e veja uma pessoa viva, você está vendo uma imagem da realidade absoluta, da realidade última, da realidade original: o Verbo, que estava com Deus e era Deus, e era a Vida. Você nunca conheceu um ser humano comum. Isso não existe. Todos eles são extraordinários. Todos eles são incríveis”.

  A deficiência de uma pessoa não seria prevista e até permitida por Deus? A Bíblia nos responde: Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, o que vê, ou cego? Não sou eu o Senhor? (Êxodo 4.11).

 Concordo com as palavras de John Knight em seu comentário sobre a liberação do aborto em caso de contaminação pelo zika vírus: 

Como cristãos, não abordamos o sofrimento destruindo a pessoa que sofre. Atacamos vírus para evitar surtos, eliminamos mosquitos, desenvolvemos vacinas, enviamos profissionais médicos e vamos nós mesmos; mas não matamos pequenos seres humanos. Confiamos que as promessas de Deus de sustento (Filipenses 4.19) são verdadeiras e seus planos predeterminados (Atos 4.28) são perfeitos. Podemos responder de maneiras proativas e amorosas a famílias que sofrem com a microcefalia, bem como todas as outras deficiências, porque a nossa esperança está em Deus e não em nós mesmos.

E continua:

E devemos atacar o argumento satânico de que pode ser “melhor” para a criança com microcefalia e para a sua família se ela for abortada. Devemos nos compadecer daqueles que pensam dessa forma, porque são incapazes de ver o extraordinário poder de Deus e estão a caminho de uma realidade eterna que é pior do que qualquer um de nós pode imaginar. Em vez disso, temos que orar e evangelizar, e nos envolver com aqueles que apoiam o aborto, para o próprio bem e alegria deles, e pela vida desses pequeninos vulneráveis ​​e suas famílias.

Talvez a única justificativa em abortar seja quando a gravidez com certeza coloca em risco a vida da mãe. A mãe tem mais valor que o embrião. O ser pleno sempre terá mais valor do que o ser em potencial. No entanto, não é desta questão que estamos falando e nem é sobre isso que os magistrados estão deliberando. O que falam é de eliminação de vidas em nome da saúde pública e isto não é aceitável.


CONCLUSÃO


Precisamos como igreja e família não ceder aos apelos de grupos sociais como “movimento feminista”, e partidos políticos que querem legalizar o aborto. Devemos nos organizar e protestar de diversas formas contra a legalização do aborto, em qualquer circunstância e sob qualquer argumento. Façamos uma marcação cerrada aos que se entendem como “deuses” e querem deliberar sobre o que Deus não lhes permitiu fazer.  Como cristãos não podemos ficar calados em um tempo assim tão perigoso. Entendemos que o Brasil tem sérias questões de saúde pública e de política para as mulheres, mas não devemos resolver estas questões inviabilizando vidas em potencial.
Devemos ensinar aos nossos jovens e adolescentes o valor do sexo somente dentro do casamento e permeado de caráter (1 Coríntios 7.2-5). Boa parte do número de abortos está ligada a uma vida promíscua de nossa juventude e até mesmo da juventude cristã. Assim sendo e dentro de um planejamento de casamento, a gravidez será sempre melhor e mais desejável. As igrejas devem ser agentes para proteger a família e trabalhar para a sua continuidade e santidade.
É imperativo ensinar ainda que pessoas que cometeram aborto, ou que propiciam para que eles aconteçam, precisam se arrepender, pedir perdão a Deus com humildade e sinceridade para receberem purificação de seus pecados. Guardar esse pecado no coração pode trazer crises físicas e psicológicas (Salmos 32:3-5). Encobrir pecados nos impede de prosperar espiritualmente (Provérbios 28.13). Mediante o arrependimento sincero e a confissão profunda, Deus perdoa este terrível pecado (1João 1:9). Que Deus nos ajude nesta tarefa.

                                                                                       
                                                                                                      Pr. Luiz César Nunes de Araújo.





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Pr. Luiz César : A QUESTÃO DO ABORTO E A DECISÃO DO STF.
A QUESTÃO DO ABORTO E A DECISÃO DO STF.
Pr. Luiz César
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