Se o meu
povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se
converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus
pecados e sararei a sua terra.
2
Crônicas 7.14
O Brasil está doente. O Brasil
sempre esteve doente. De vereadores a presidente da república, ninguém parece
escapar da doença da corrupção. Não acreditamos mais em governantes, em juízes
e lamentavelmente, nem em pastores e padres. Além da corrupção temos a nossa
pátria amada banhada de ponta a ponta de libertinagem sexual, homossexualismo,
abortos, alcoolismo, violência, drogas. O Brasil está muito doente.
A igreja evangélica também está
doente. Não dá para fechar os olhos e tapar os ouvidos diante dos macedos,
valdomiros e malafaias, dentre outros, que pensam em dinheiro o tempo todo, que
são insaciáveis, que não poupam pessoas pobres em nome de mentiras e promessas
vazias. Além do que temos em igrejas que se denominam evangélicas, gente
pulando, rodopiando, vestindo-se de “profetas”, caindo, derrubando, criando uma
“nova liturgia”, piscina santa, óleo santo, sal grosso, água ungida,
candelabros, shofar e outros absurdos. O evangelho de Jesus não pode ser isso.
Nós os tradicionais também estamos
doentes. Há veneno também em nossa panela. O velho homem habita também em
arraiais tradicionais e conservadores. Nenhum de nós está à parte e acima
destas coisas.
Com certeza todos nós aqui estamos sujeitos às
doenças, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais. A nossa humanidade
herdou, na queda de Adão a capacidade de adoecer-se, de enfermar-se. Da mesma forma uma igreja pode adoecer, visto
que é formada por seres pecadores. A nossa família pode ser uma família doente.
Uma cidade, e mesmo a nação, pode ficar ferida mortalmente por doenças
espirituais e morais como vemos hoje.
Israel
também adoecia e necessitada, como no versículo citado acima, de uma
intervenção de Deus para sarar a sua terra.
Este
texto não afirma que toda doença, pela qual passamos seja ela física, ou doenças
da alma que experimentamos, como depressão, medo, melancolia, desânimo,
desesperança, são fruto do pecado. Muitas delas nos advêm porque somos gente, seres
humanos, tão frágeis como uma erva. No entanto, há muita doença em nós e ao
nosso redor que poderiam ser curada com uma intervenção sobrenatural de Deus,
uma visitação espiritual, uma graça maravilhosa que venha sarar a nossa terra.
Neste sentido cada um de nós precisa
à luz desta exortação bíblica, analisar, se Deus, porventura, quer sarar o seu
coração e, por conseguinte sarar a nossa terra.
Aqui Salomão acabara de fazer uma
das maiores e mais lindas orações descritas na Bíblia. Ele se consagra, consagra
os sacerdotes, consagra a nação e consagra o templo. Deus responde. O Senhor
fala a ele (Salomão) e ao seu povo de Israel e a nós, que sarará as nossas
feridas, o nosso lar, a nossa igreja e o nosso país. Qual o caminho para a
cura?
I-
UMA REAL IDENTIFICAÇÃO
COM DEUS
“Se o meu
povo que se chama pelo meu nome”.
Deus está diferenciando o seu povo
de Israel de todos os povos da terra. Este é o tesouro particular de Deus. Assim também é com a igreja, chamada de
propriedade exclusiva de dele. Pedro nos diz o seguinte: “Vós,
porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9)”.
Vejamos que o texto não está dizendo,
pelo menos neste versículo, que o povo de Deus clama por Deus, ou o busca. Está
dizendo que o seu povo “se chama” pelo nome de Deus; isto é, reponde quando
alguém quer saber de Deus. A igreja aqui deve ser como representante de Deus.
Não nos esqueçamos de que de Deus somos embaixadores: De
sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por
nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus
(2 Co 5.20).
É como se tomássemos para nós a
função de fazer com que o nome de Deus seja conhecido, pois esta é a razão de
sermos propriedade exclusiva de Deus, é para proclamarmos as suas virtudes (1
Pe. 2.9).
É questão de assumir uma cidadania
celeste, dando aqui na terra sinais do Céu. É ser aqui um pouco do que seremos
lá. É viver aqui como filhos da luz: Pois, outrora, éreis
trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (Ef 5.8).
Não esqueçamos jamais que o Senhor
Jesus nos alertou para nunca nos envergonharmos dele aqui na terra, conforme
vemos em Lucas 9.26, que diz: Porque
qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará
o Filho do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos.
Deus começa a nos curar quando
agimos como sua propriedade exclusiva, quando não nos envergonhamos de seu
nome, quando agimos como embaixadores dele, quando nos deixamos chamar pelo seu
nome.
II-
UMA
HUMILDE VIDA DE ORAÇÃO
“ Se
humilhar, e orar, e me buscar”
Vejam a insistência de Deus, usando
três verbos para nos chamar à oração: humilhar, orar e buscar. Dá para sentir o
mesmo desejo de Deus em que o invoquemos em Jeremias 33.3, que diz: Invoca-me,
e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.
O próprio Senhor Jesus, nosso maior
exemplo de oração, também nos conclama a este exercício em todas as
circunstâncias. Se estamos sendo caluniados, o remédio é a oração:
bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam (Lc 6.28). Quando
estamos ansiosos quanto às coisas materiais devemos buscar ao Senhor Buscai ao Senhor: buscai,
pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas (Mt. 6.33). Passando por provações, devemos também orar: Chegando
ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação
(Lc. 22.40).
Deus diz que esta oração deve ser
feita com humildade e não com presunção como orava o Fariseu: Propôs
também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem
justos, e desprezavam os outros:- Dois homens subiram ao templo com o propósito
de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si
para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais
homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo
duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando
em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no
peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será
humilhado; mas o que se humilha será exaltado (Lc 18. 9-14).
Davi descobriu logo que Deus não
despreza um coração contrito e humilde (Sl 51.17).
Portanto antes de procuramos os
médicos e os remédios; antes de nos submetermos às terapias; antes de usarmos
nossos instrumentos humanos para resolver nossos problemas; antes de buscarmos
a solução com a nossa própria força, oremos mais, com humildade, com
resignação, com o coração cheio de esperança. Se orássemos mais teríamos
melhores resultados do que quando nos empreendemos a resolver os problemas com
nossas próprias mãos. Um homem de joelhos vale mais do que mil exércitos, dizia
um dos puritanos.
Um pai que ora pela sua família está
fazendo a melhor tarefa que um homem pode fazer. Uma mulher orando pelo seu
marido e filhos nem imagina o quanto este exercício espiritual atrai Deus para
a sua causa. Filhos que oram pelos seus pais são os mais preciosos filhos que
alguém pode querer. Líderes espirituais que oram pelas ovelhas serão
recompensados na eternidade, e ovelhas que oram por seus líderes são um bálsamo
para estes.
Também assim devemos orar pelas
autoridades e governantes: - em favor dos reis e de todos os que se
acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com
toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador (1 Tm 2.
2-3). Geralmente não temos vontade alguma de orar pelos nossos governantes; mas
devemos fazer por obediência à Palavra de Deus.
III-
UMA
VERDADEIRA CONVERSÃO ÉTICA
“ E se
converter de seus maus caminhos”
Quando uma pessoa recebe a Jesus
como seu Senhor e Salvador, ela se converte das trevas para a luz; sai do
império das trevas e é transportada para o seu reino (Cl 1.13). Conversão é
mudança de coração, é transformação de mente; é novo começo; é novidade de
vida. Este é o sentido de 2 Coríntios 5.17, que diz: E,
assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; {criatura; ou criação} as
coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Quando uma pessoa recebe a Jesus em
seu coração todos os seus pecados são perdoados pois o sangue de Jesus nos
purifica de todo pecado (1João 1.7), o nome desta pessoa é encontrado no livro
da vida, pois assim descreve o livro de Apocalipse 3.5 : O
vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o
seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu
Pai e diante dos seus anjos. Paulo também fala deste livro especial: A ti, fiel
companheiro de jugo, também peço que as auxilies, pois juntas se esforçaram
comigo no evangelho, também com Clemente e com os demais cooperadores meus,
cujos nomes se encontram no Livro da Vida (Fl 4.3).
No entanto, à medida que andamos com
Deus, somos santificados, transformados à imagem de Cristo. Assim, a cada dia
nos convertemos dos nossos maus caminhos e os abandonamos. Em Cristo nos arrependemos de nossos
pecados, e a partir de então buscamos produzir os frutos dignos de
arrependimento, como vemos em Mateus 3.8: Produzi, pois, frutos
dignos de arrependimento.
Este é o mesmo sentido as palavras
do Apóstolo Paulo quando chama os recém-convertidos em Efésios 4.1-3 a viverem
de maneira digna à vocação cristã: Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor,
que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade
e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da
paz.
É esta conversão ética que o mundo
precisa ver em nós; que os filhos precisam ver em seus pais, que as ovelhas
precisam ver em seus líderes.
Ouçamos o
que um cristão disse certa vez: Quando eu era jovem e minha imaginação era
livre e não tinha limites, sonhava em modificar o mundo. Quando amadureci e me
vi mais sábio, descobri que o mundo não se modificaria, assim moderei minhas
aspirações e decidi mudar apenas o meu país. NO entanto, também este parecia
irremovível. Então resolvi mudar apenas minha família, mas as pessoas de minha
casa não me deram permissão para isto, E agora, já idosos me dou conta que se
eu tivesse mudado a mim mesmo em primeiro lugar, então minha família teria
mudado, e com inspiração poderia ter mudado meu país e quem sabe meu país
mudaria o mundo”.
Que antes de apontar para os
defeitos dos outros; antes de ver a ferida na vida do outro; antes de julgar o
outro; cada um olhe para si mesmo e busque uma verdadeira conversão ética; uma
transformação tão viva, que os outros a percebam e vejam Deus em sua vida.
Foi tão somente depois de se
arrepender profundamente e de pedir que Deus renovasse seu coração é que Davi
diz que os que o conhecem também teriam uma experiência maravilhosa com Deus.
Diz ele: Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e
os pecadores se converterão a ti (Sl 51.13).
Assim, tendo dado estes passos, Deus
poderá então curar a nossa alma, as nossas enfermidades emocionais e
espirituais. E muitas vezes, curando a nossa alma, o nosso corpo também é
curado, bem como a nossa igreja e quem sabe até o Brasil.
Identifiquemos-nos com Deus, nos deixemos
achar quando se chamar pelo nome dele; aproximemos-nos com humildade em oração
e vejamos em nós onde precisamos de uma conversão ética e nos consagremos ao
Senhor.
Que façamos isto individualmente;
como famílias, como igreja e como cidadãos.
Que se cumpra em nós esta palavra.
Se Deus prometeu cura para quem der estes passos, Ele não mentirá. Deus é fiel.
Pr. Luiz César Nunes de Araújo.