Com que facilidade pessoas matam
umas às outras. De maneira tão fútil um homem atira em centenas de pessoas,
outro elimina uma vítima para roubar dela um simples aparelho celular; ou
ainda, alguns, por motivos outros matam amigos, parentes e até mesmo pais,
filhos e irmãos. Os assassinos parecem não sofrer nenhum tipo de dor ou de
ressentimento, nem medo algum, mas deveriam.
Quem já assassinou alguém, conforme
Apocalipse 21.8 e 22.15 não entrará no céu, pelo contrário, perecerá no inferno.
Assassinos podem até escapar da justiça humana, aliás, podem mesmo cumprir a
penalidade humana, mas enfrentarão o juízo de Deus quando morrerem. Eles
responderão pelas vidas que tiraram.
Deus é o autor da vida, somente Ele
pode tirá-la. Nem mesmo as cortes marciais têm direito a este ato. A vida é um
dom de Deus (Gn 2.7). Ele requererá do homem cada vida eliminada. Cada gota de
sangue derramado de um ser humano será requerida por Deus (Gn 9.5 e 6).
Estou usando o termo “assassinar”,
pois este é o sentido do sexto mandamento (Êx 20. 13) que é distinto do ato de
matar acidentalmente ou de maneira não premeditada (Êx 21.13-14). O assassinato
propriamente dito era gravíssimo e deveria ser punido com a morte do assassino
(Êx 21.12). No julgamento eterno o rigor será maior ainda. Os assassinos serão
lançados no lago de fogo (Ap 21.8).
Quem é o assassino? Ele pode ser
uma pessoa que nunca puxou o gatilho de um revólver, como Hitler, Mussolini e
Lênin, mas que ordenou o massacre de milhares e talvez até de milhões. Herodes
eliminou milhares de crianças contemporâneas do menino Jesus, querendo assim
eliminar o salvador.
O assassino pode ser um mandante
tão somente, que a exemplo de Davi, encomenda a morte de um desafeto enquanto
passeava em seu palácio.
O assassino pode ser um soldado em
guerra que tendo a possibilidade de poupar a vida do inimigo, opta por matá-lo
sem lhe permitir um julgamento justo.
O assassino pode ser uma mulher que
mata seu filho, ainda que embrionário, para se livrar de uma gravidez
embrionária. Assassino também é o profissional da saúde que lhe presta ajuda
para esta ação.
O assassino, visto de uma forma
mais subjetiva, pode ser um agente público que nega prestar assistência a uma
pessoa ferida e doente. Ou mesmo que lhe subtrai os remédios e o acesso à saúde
por ter roubado ao estado. Neste sentido ele é assassino e também ladrão. Assim,
o assassino pode ser um senador, um deputado, um governador, ou prefeito ou
mesmo um vereador que avança sobre a verba da merenda escolar. Todo aquele que tira dinheiro da saúde, da
alimentação e da segurança pública é responsável, diante de Deus e dos homens,
pela perda de vidas tão preciosas.
Não somente os assassinos não
entram no céu. Somos informados nos mesmos textos de Apocalipse que não entram
ali os covardes, os incrédulos, impuros, os feiticeiros, os idólatras e os
mentirosos (21.8; 22.15). Paulo em 1 Coríntios completa a lista. Diz ele que
não herdarão o reino dos céus os adúlteros, os efeminados, os sodomitas (que
têm relação sexual com pessoas do mesmo sexo), os bêbados os maldizentes e os
ladrões (6.9-11).
É interessante notar que há muitas
formas de pecar, mas a Bíblia destaca alguns pecados como mais graves. Tal
revelação quebra a nossa falsa compreensão de que não existe pecadinho e
pecadão. Parece que existe sim. Todas as pessoas são pecadoras diante de Deus;
o remédio para o perdão é um só, o sangue de Jesus que purifica o homem de todo
o seu pecado (1 Jo 1.17). Apenas no novo nascimento que vem pela fé em Cristo é
que um homem pode se livrar de sua culpa e de seus pecados. No entanto, o
pecado cometido pelos homens tem graus de comparação. Jesus disse a Pilatos,
por exemplo: Quem me entrega a ti maior pecado tem (João 19.11). Isto é, o
pecado de Judas era maior do que o de Pilatos. Uma pessoa que convivera com
Jesus durante três anos e não o amou seria mais pecadora do que o governador
que acabara de conhecê-lo. Ezequiel, o profeta, no mesmo sentido, fala de
“maiores abominações” (Ez 8.6,13). Wayne Grudem nos lembra de que no sermão do
monte Jesus fala de alguns mandamentos
menores que os outros (Mt 5.19), bem como, em Mateus 23.23 de preceitos mais
importantes. E conclui: Nos dois casos, Jesus distingue os mandamentos menores
dos maiores, sugerindo assim que alguns pecados são piores do que outros no
tocante à própria avaliação divina da sua importância.
Podemos inferir que, conquanto,
legalmente, todo homem é pecador, há pecados mais graves. O assassinato, sem
dúvida é um destes. Ele é gravíssimo em toda a Bíblia, desde o primeiro
assassinato, o de Caim contra Abel, pois a voz sangue de Abel clamava da terra
a Deus (Gn 4.10), até o último capítulo de Apocalipse que diz que os assassinos
não entrarão no céu. De capa a capa, do início ao fim, o assassinato é um dos
pecados mais graves que uma pessoa pode cometer sobre a face da terra.
O que é glorioso em toda a
Escritura, é que mesmo sendo o assassinato um pecado gravíssimo e digno do
inferno eterno, ela aponta um caminho para o perdão. Em Apocalipse 9.21 se fala
da oportunidade de assassinos se arrependerem de seus erros. O arrependimento
sincero quebra a força de qualquer pecado, mesmo de um pecado tão sério como o
assassinato. Uma pessoa que já
assassinou, tem a mesma oportunidade de perdão que os demais pecadores. O
sangue de Jesus é eficaz para perdoar qualquer espécie de pecado (1 Jo 2.1). O
que é necessário, no entanto, é uma confissão sincera de arrependimento, uma
tristeza profunda pelo mal que se fez, e uma atitude humilde de se entregar
completamente nas mãos do Senhor e Salvador Jesus. Assassinos podem sim entrar nos céus, mas
assassinos arrependidos, transformados em novas criaturas, lavados pelo sangue
de Jesus (1 Jo 1.7).
Cada um de nós, mesmo tendo nascido
de novo em Cristo Jesus, está sujeito a ser um assassino. O velho adão habita
em nós, ainda temos a natureza pecaminosa. Convém vigiar nossa velha natureza,
subjugá-la, impor a ela os exercícios espirituais (oração, leitura da Bíblia,
comunhão com os irmãos), para que ela não domine o nosso homem interior. Como
devemos ansiar que o Espírito Santo desenvolva em nós mais amor, alegria, paz,
longanimidade, bondade, benignidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22 e 23).
Que a mansidão de Cristo Jesus nos alcance a cada dia.
Pr.
Luiz César Nunes de Araújo.