A rede Globo exibirá uma nova novela
em horário nobre, iniciando no mês de setembro próximo, que tem o espiritismo
como fundamento. Será apresentada nesta novela, chamada de “O Avesso da Vida”,
uma forte encenação sobre reencarnação e comunicação com os mortos. Esta novela fará renascer uma questão que é
tão antiga quanto a humanidade: a possibilidade de os vivos manterem algum tipo
de comunicação com os mortos.
A
tentativa de contatar os mortos é chamada de necromancia. O necromante se
apresenta como o catalisador de um suposto espírito desencarnado, trazendo uma
mensagem deste para os vivos. Em alguns casos há até mesmo “operações” feitas
por este suposto espírito, por meio de uma pessoa, é claro.
No
Brasil alguns destes “espíritos” têm se apresentado em nome de Emanuel, André
Luís e Zerigó, como exemplo de entidades que “operam” através de seus médiuns.
Médium
é o termo mais usado para descrever o necromante. O médium é uma pessoa que se
diz estar entre, no meio, intermediando a relação dos mortos, ou como chamam,
espíritos desencarnados, com os vivos. Um termo muito comum, usado
especialmente no candomblé, é o de “pai de santo”. A sua função é a mesma do
médium.
Esta
questão não fica sem uma posição bíblica. Entre os israelitas que saíram do
Egito era comum essa arte maligna aprendida com os povos cananeus. Havia ali,
naquela terra prometida a Abraão e seus filhos, a tentativa pagã de tentar se
comunicar com espíritos de pessoas mortas, prática que o Senhor Deus descreveu
como abominável.
A necromancia, é praticada de várias
formas por diferentes povos e religiões. No Brasil as religiões
afro-brasileiras, espíritas e a católica fazem uso deste mecanismo, de forma
variada e constante. Além das religiões, há grupos que em nome da “ciência” buscam
contato com os mortos. A “psicografia” do já falecido Chico Xavier é um sinal
claro do prestígio que essa prática tem. Os espíritos dos mortos, desta
maneira, são invocados pelas orações, pelas oferendas, pela psicografia, pelas
sessões mediúnicas e pela chamada “ciência cristã”.
A
Bíblia desaprova tudo isso de maneira taxativa ao dizer que o único nome que
deve ser invocado é o de Deus. Toda oração deve ser feita tão somente ao Pai,
em nome de Jesus. Não existe nenhuma possibilidade de alguém falar com Deus sem
a sua intermediação: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de
que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14.13).
A oração ou prece aos “santos”, muito usadas no catolicismo,
também é uma tentativa de comunicação com os mortos. Toda vez que um católico
invoca um santo, ele está praticando necromancia e tentando conversar com um
morto, ainda que este seja São Judas Tadeu ou Madre Teresa de Calcutá. Todos
estes já estão mortos e não há nenhum relato que já ressuscitaram. Cada vez que uma pessoa reza a Maria, a São
Crismino, ou a qualquer pessoa chamada de “santa” pela igreja, ela está
buscando o contato com uma pessoa que já morreu. Isto é necromancia e
abominação diante de Deus. O pecado é o mesmo de uma cerimônia espírita ou de uma
pajelança indígena invocando seus ancestrais.
O que a Bíblia nos ensina mais sobre este
tema?
1- A
BÍBLIA CONDENA QUALQUER TENTATIVA DE SE CONSULTAR OS MORTOS.
A
Lei Mosaica proibia fortemente qualquer tentativa de se comunicar com os
mortos. Vejamos:
" Quando entrares na terra que o
SENHOR, teu Deus, te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações
daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho
ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os
mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas
abominações o SENHOR, teu Deus, os lança de diante de ti.
Perfeito serás para com o SENHOR, teu Deus.
Porque estas nações que hás de possuir ouvem os prognosticadores e os
adivinhadores; porém a ti o SENHOR, teu Deus, não permitiu tal coisa" (Dt
18. 9-14).
"Não vos voltareis para os
necromantes, nem para os adivinhos; não os procurareis para serdes contaminados
por eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus" (Lv 19.31).
"Quando alguém se virar para os
necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra
ele e o eliminarei do meio do seu povo" (Lv 20.6).
Outros
textos do Antigo Testamento acentuam o mesmo pensamento:
"E queimou a seu filho como sacrifício,
adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e tratava com médiuns e feiticeiros;
prosseguiu em fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocar à ira"
(2 Reis 21:6).
"Quando vos disserem: Consultai os
necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o
povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? À lei e ao
testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva" (Is.
8:19-20).
Na
parábola do Rico e Lázaro, Jesus ensinou a impossibilidade dos mortos se
comunicarem com os vivos quando não permitiu a um homem morto voltar aos seus
irmãos vivos, nem mesmo para alertá-los sobre o inferno. Os vivos devem ouvir a
Palavra de Deus, representada por Moisés e pelos Profetas.
Nesta
narrativa de Jesus há muita clareza quanto a esta questão. Ele afirma que não
pode haver qualquer comunicação entre vivos e mortos. O rico ao pedir a Abraão que os seus irmãos,
ainda vivos, sejam avisados sobre o inferno eterno, recebe a seguinte
advertência:
"Está
posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui
para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós. Então, replicou: Pai,
eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos;
para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de
tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele
insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles,
arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos
Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os
mortos" (Lc 16:26-31).
Conforme
Hebreus 9.27 após a morte só existe o julgamento final. Diz o texto: "E, assim como aos homens está ordenado
morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo". Tal afirmação faz alusão ao julgamento final
onde todos os homens prestarão contas de sua vida a Deus; julgamento este
descrito em Apocalipse 20.11-15. Assim, os mortos não podem realizar nada nem
exercer qualquer influência no mundo dos vivos. A tentativa de se comunicar com
eles é vã, além de ser condenada pelo Senhor. O texto de Eclesiastes 9.10 lança
luz sobre a impossibilidade de uma pessoa que já morreu agir no mundo dos vivos
e se comunicar com ele: "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o
conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem
projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma".
Os
que morrem sem salvação, isto é, sem terem tido um encontro pessoal com Jesus,
estão, além de proibidos de interagir com os vivos, condenados eternamente ao
inferno. Como poderia pessoas assim visitar os vivos de alguma forma?
Jesus,
por outro lado, esclarece que uma pessoa salva ao morrer, tem um destino
diferente: “Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso" (Lc 23:43). Em ambos os casos nem mesmo os que se salvam têm
autorização para comunicar-se com os vivos.
2- A
BÍBLIA ENSINA QUE SÃO OS DEMÔNIOS QUE SE COMUNICAM COM OS VIVOS, NÃO OS MORTOS.
Os demônios podem se apresentar
como anjos de luz e enganar os desavisados. Não devemos ter a menor dúvida de
que há manifestações sobrenaturais. No entanto, nem de longe devemos acreditar
que elas são de entes queridos que já morreram. Temos informações bíblicas
suficientes para crer que tais aparições são obras demoníacas. Paulo tem esta
convicção ao dizer: "E não é de admirar, porque o próprio Satanás se
transforma em anjo de luz" (2 Co. 11:14).
Ao se apresentar como um anjo de
luz, Satanás engana a muitos. Ele pode se manifestar pela boca de um médium ou
pai-de-santo, como um espírito gentil e até mesmo infantil. A sua mensagem pode
parecer bondosa e iluminada, mas trata-se de uma manifestação maligna,
amarrando pessoas a uma suposta mensagem de um ente querido que já partiu.
Satanás é um ser milenar, por isso é capaz
para transmitir uma mensagem muito próxima do que um ente querido
transmitiria, visto ter informações suficientes a seu dispor. Pessoas
atormentadas, desejosas de contatar um amado que já partiu, têm os seus olhos
enganados e os seus corações ofuscados pela mentira. É assim que ele age.
Os que buscam qualquer contato com os
mortos correm o risco de se envolverem com demônios. Ouçamos novamente o
conselho do Apóstolo Paulo:
"Que digo, pois? Que o sacrificado ao
ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que
as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e
eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice
do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do
Senhor e da mesa dos demônios. Ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso,
mais fortes do que ele? Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm;
todas são lícitas, mas nem todas edificam" (1 Co 10:19-22).
Os
demônios podem tomar a característica de uma pessoa que já morreu e
manifestá-la aos vivos nas sessões de necromancia, parapsicologia ou
psicografia, com muita facilidade.
Os
que são do Senhor saberão fugir desta prática pois não se deixarão enganar. A
sutileza com que os filmes, novelas e mensagens psicografadas são apresentadas
às pessoas, pode enganar muita gente, menos aos que têm em si o Espírito Santo
que age neles com forte zelo. Tiago nos conforta ao dizer: "Ou supondes
que em vão afirma a Escritura: é com ciúme que por nós anseia o Espírito Santo,
que ele fez habitar em nós?" (Tg 4.5).
3- A
POSSÍVEL COMUNICAÇÃO DE VIVOS COM OS MORTOS NA BÍBLIA NÃO NOS PERMITE ESTA
PRÁTICA
Algumas pessoas querem ver em textos
bíblicos seções mediúnicas ou reencarnação. Para isto citam algumas porções das
Escrituras Sagradas, como a de 1 Samuel 28 e os de Mateus 17.1-7 e Lucas.
9:28-39. Analisemos estes textos:
Em 1 Samuel 28 temos uma “suposta”
conversa de um vivo (Saul), com um morto (Samuel). No entanto, o que aconteceu
neste texto foi uma sessão de necromancia condenada pelo próprio Saul (28:9). O
que nos parece é que Saul, já emocionalmente abalado e espiritualmente
enfraquecido, foi enganado por um “espírito”. O que nos faz crer que não era
mesmo Samuel quem falava com Saul é que a mensagem dita por este espírito não
se cumpriu totalmente, ou seja todos os filhos de Saul morreram com ele (1 Sm
28.19; 21.12; 1Cr 10.12). nem tão pouco Saul morreu no dia seguinte como disse
o suposto espírito (1 Sm 29.2-11 e 31.1). Tratava-se de um espírito mentiroso.
Agora, suponhamos que o raciocínio
acima esteja errado e que de fato o que Saul viu ali, através da pitonisa de
Endor, tenha sido o próprio Samuel, como alguns estudiosos, até protestantes,
acreditam. A minha resposta seria o seguinte: Em alguns momentos na Bíblia,
Deus abre uma exceção e acontece algo incomum. O livro de Atos dos Apóstolos,
por exemplo, registra eventos que nunca mais aconteceram. Ali o batismo com o
Espírito Santo é seguido de um som como de um vento impetuoso, aparecem línguas
de fogo sobre os discípulos; Paulo ao se converter fica cego; Ananias e Safira
morrem ao mentir. Todos estes, dentre outros, são eventos singulares, que não
aconteceram de novo na história da igreja. Da mesma forma, se a Samuel foi dada
a permissão para se comunicar com Saul (o que pessoalmente eu não acredito),
foi uma exceção e esta prática jamais deve ser tomada como uma regra para nós
hoje.
Em Mateus 17. 1-17 e Lucas. 9:28-39
temos o episódio da transfiguração de Jesus. Ali o Senhor Jesus aparece
conversando com Elias e Moisés, personagens do Antigo Testamento que já haviam
morrido. Estes textos poderiam ser uma abertura para que hoje invoquemos e
conversemos com os mortos? De forma alguma. Observamos que quem conversa com
Moisés e Elias é o próprio Senhor Jesus, que é Senhor dos vivos e dos mortos.
Não há nenhuma comunicação dos discípulos com Elias e Moisés. Eles nem mesmo
ouviram sobre o quê Jesus conversava com eles.
Jesus é Deus e é Senhor de vivos e mortos. Pois vejamos:
"Porque, se vivemos, para o Senhor
vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos,
somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu:
para ser Senhor tanto de mortos como de vivos" (Rm 14:8-9).
O
propósito destes textos é o de mostrar aos discípulos, e a nós, a divindade de
Cristo e não ensinar a consultar os mortos. Não encontramos em nenhum lugar da
Bíblia estes mesmos discípulos buscando qualquer comunicação com os mortos
posteriormente.
Conclusão
Não
temos a menor dúvida de que tanto esta novela da Globo, como filmes e
literatura que mostram uma suposta comunicação dos vivos com os mortos, não
passam de uma tentativa de Satanás, usando os seus instrumentos, de continuar
enganando os filhos da desobediência.
Quanto
a nós, devemos rejeitar qualquer tentativa de Satanás em fazer-nos
acreditar que após a morte, uma pessoa
pode se comunicar com os vivos, como nos filmes “Gost”, “Fantasminha Camarada”.
Isso não acontecerá jamais.
Ninguém
deve invocar ou venerar qualquer pessoa que tenha morrido, mesmo que esta
receba o título de “santo”.
Devemos
observar que Jesus é o único mediador entre nós e Deus, o Senhor é o Deus. Como
bem nos ensinou o Apóstolo Paulo: "Porquanto há um só Deus e um só
Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Tm 2.5).
Guardemos
no coração estes conselhos, e ensinemos estas verdades aos demais. Somos
embaixadores de Deus e o nosso papel é ensinar a verdade que liberta. Que Deus
nos ajude a apontar o caminho, que é o próprio Senhor Jesus, às pessoas que
conhecemos.
Deus
abençoe a todos.
Pr.
Luiz César Nunes de Araújo.