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O QUE SIGNIFICA HOJE SOFRIMENTO PASTORAL



Ao falarmos sobre sofrimento pastoral precisamos compreender que os pastores, missionários e educadores estão sujeitos, incialmente, aos mesmos sofrimentos inerentes a todos os seres humanos, tais como problemas de saúde, habitação, segurança, conforto, acidentes, solidão, doenças, morte etc. A vida em si já é um desafio, a humanidade caída deixa suas marcas em todos, inclusive nos líderes espirituais.

Pode ser que, em atendendo a vocação ministerial, o estilo de vida do pastor seja mais simples do que o que poderíamos obter buscando um serviço diferente. Em alguns casos os pastores podem perder algum privilégio que teriam em uma função secular. Por outro lado, há muitas bênçãos e vantagens que jamais deveríamos esquecer.

O que então poderíamos entender como sofrimento ministerial? Eis minhas considerações:

Sofrimento Vocacional – A dúvida é real, especialmente em tempo de crise e geralmente no início do ministério. O próprio João Batista teve este sofrimento enquanto estava na prisão. Se a crise é vocacional e continuar por muito tempo o obreiro deveria considerar seriamente a possibilidade de deixar o ministério. É melhor servir a Deus com alegria em um outro ministério do que fazê-lo por obrigação ou força do hábito no ministério integral. Os que reclamam demais ao fazer o trabalho não contribuem, e o serviço deles não tem proveito algum para o rebanho, segundo o autor aos Hebreus (13.17). O que segurou João firme em sua vocação? A convicção de que ele era chamado por Deus (Jo 1.6).

Sofrimento Emocional – Devemos estar preparados para o desprezo de alguns membros da igreja e até da comunidade onde estamos inseridos. Em algumas circunstâncias nos advém a tristeza por sermos desrespeitados, não amados, preteridos e até desprezados. Foi assim com Jesus, com Paulo, com João (que foi desprezado por Diótrefes em 3 João). Se queremos fugir da frustração, da decepção, do medo, do menosprezo, da angústia, devemos orar para que Jesus volte logo, ou que Ele nos leve mais cedo para o Céu. Não há lugar sobre a face da terra onde estas vicissitudes não estejam presentes, tanto para pastores quanto para os demais homens. O que não devemos perder de vista é que o pastor tem o treinamento para superar certas adversidades. Ele às vezes não terá a companhia de pastores mais experientes por perto, mas tudo isto é previsto quando ele se colocou nas fileiras do Senhor. Muitos missionários, por estarem distantes, precisam de uma graça especial de Deus para permanecer no campo. Caso o ministério seja duro demais para alguns, não há demérito nenhum em eles deixarem de ser pastores e voltarem a ser ovelhas, e em vez de cuidar de pessoas eles passarem a ser cuidados novamente.

Sofrimento Familiar – Em muitos lares pastorais a esposa não tem a mesma estrutura emocional e não consegue conviver com as críticas ao marido; os filhos não se sentem amados pela igreja e às vezes eles mesmos não amam a igreja onde estão. É sério demais ter a família, e especialmente a esposa, sem a mesma motivação para um ministério específico. Pode ser que seja necessário o remanejamento para um ministério diferente, ou mesmo a decisão de deixar definitivamente o ministério pastoral ou missionário. Particularmente não vejo como correto ou mesmo sadio a esposa, por não se sentir adequada ou confortável para o ministério, se isolar em sua casa, ou em seu trabalho secular, quase que se anulando para o trabalho na igreja. Pode dar certo por um tempo, mas logo o marido sentirá a sua falta nos aconselhamentos, nas visitas, nas orações etc. Vejam, não estou falando que a esposa não pode trabalhar fora, mas que em qualquer circunstância deve ser parceira do marido no trabalho da igreja. A história tem nos mostrado que se a esposa não consegue envolver-se com o marido no trabalho da igreja não há ministério eficaz.

Sofrimento por erros cometidos – O obreiro comete erros e se vê obrigado a pagar o preço enquanto pastor da igreja. O pastor é humano e erra. Ele pode chamar a atenção indevidamente de uma pessoa, expor outra publicamente, disciplinar sem razão, tentar agradar um grupo, fazer um negócio ruim para a igreja, trazer um pregador que prejudica o rebanho doutrinariamente, tomar partido de alguém, dar preferência a alguns, receber na membresia membros que mais atrapalham do que ajudam e coisas assim. Nestes casos a humildade, o reconhecimento do erro, a confissão sincera, quase sempre resolvem ou amenizam o problema. Erros ministeriais são mais fáceis de ser perdoados pela igreja do que erros pessoais. Há, no entanto, erros e pecados que o obreiro comete que torna a sua permanência na igreja praticamente impossível. Insistir em permanecer em uma igreja após determinados erros, mesmo após a disciplina eclesiástica ter sido instalada e cumprida, tem se mostrado uma decisão perigosa.

Sofrimento de irmãos queridos- Um obreiro dedicado sofre muito quando pessoas se desviam, se afastam da igreja, se divorciam, ficam doentes, desempregadas, morrem ou ficam enlutadas, brigam, quando são presas ou processadas. Isso é natural. Não seríamos adequados para o ministério se não sofrêssemos em parte a dor do rebanho. O perigo é quando sofremos além de nossas forças. Alguns ultrapassam uma linha que os impede até de continuar pastoreando. Cada um precisa avaliar o limite de suas emoções e saber se mover dentre de sua estrutura emocional e até espiritual.

Sofrimento por divisão na igreja – Que triste quando um grupo, grande ou pequeno, vai embora. Vai embora por discordar, por considerar a igreja ou o ministério pastoral irrelevante para ele. Pode ser que, com a divisão, faltem o sustento e a manutenção do trabalho. Se há algo que rasga o coração de um obreiro é quando um grupo se afasta e se transforma em outra comunidade eclesiástica, independentemente da motivação desse grupo. Acompanhei um pastor que passou por esse processo de divisão. Durante muitos anos ele se mostrou reticente em pastorear de novo. Acho que ele já sarou. É uma experiência traumática, mas não precisa ser fatal para a igreja e para o ministro. Para tudo há solução. Pode ser que no futuro haja reconciliações e, com a graça de Deus agindo, as duas igrejas até possam caminhar juntas. O tempo é um bom conselheiro em alguns casos.

Sofrimento por questões doutrinárias – Quando o pastor defende um posicionamento doutrinário ou disciplinar e isto desagrada a alguns, ou a muitos, ou quando tira pessoas de suas funções por entender que não estão aptas, ou mesmo quando se recusa a fazer um casamento, por exemplo, isso pode gerar muito desconforto e sofrimento para o obreiro. Parece que se manter firme a uma convicção ou doutrina não tem sido algo que gere aplausos hoje em dia. O que pode contribuir para uma crise é quando o obreiro, mesmo tendo a boa doutrina, não tem a habilidade ou paciência para ensiná-la ao seu rebanho. Enfim, em caso de distorções doutrinárias graves na igreja o pastor é o responsável para dar a direção e até mesmo a correção. De todos os pecados que exigem atenção na igreja o desvio doutrinário é um dos mais graves. Para tratar dos heréticos a Bíblia dá dois remédios: trazê-los de volta a sensatez (2 Tm 2.26 ) ou afastá-los do rebanho (Rm 16.17 e 2  Jo 10).

Sofrimento por questões de sustento – Também há tensão e sofrimento quando a igreja não consegue ou não quer sustentar dignamente o obreiro. Igrejas pequenas oferecem salários pequenos. O conselho que sempre dei aos meus alunos formandos no Seminário, que estavam prestes a assumir um campo, era no sentido de não aceitarem um convite em função de um salário oferecido, mas analisar se o que estão oferecendo é o suficiente para suas famílias, ainda que não lhes desse condições de algumas regalias no início. Pastorado é um desafio de fé e talvez o primeiro desafio seja o de viver com um estilo de vida simples, por pouco ou por muito tempo. Pode ser que por um tempo curto o obreiro deva trabalhar fora, isto lhe daria um pouco mais de tranquilidade até que a igreja possa sustentá-lo melhor, mas não há dúvidas de que o trabalho de tempo integral colabora para o crescimento da igreja. Também temos visto que para alguns obreiros a permanência no campo com um salário muito pequeno se torna inviável. Cada um de nós, com bom senso e na dependência total de Deus, deve avaliar essas condições.

Bem meus colegas, com certeza há muitos outros pontos que fazem pesar sobre os nossos ombros o ministério que o Senhor nos deu. De fato, Jesus não nos enganou ao falar das aflições e provações da vida cristã. Paulo, orientando a Timóteo, comparava o ministério ao trabalho de um soldado ou de um lavrador (2 Tm 2.1-13). Estas são atividades difíceis e exigiram coragem de quem se propôs a fazê-las.

O ministério não pode ser abraçado por gente desanimada demais. Um ex-pastor me disse que o seu erro foi deixar de ser um presbítero e se tornar um obreiro. Talvez seja este o sentido das palavras de Paulo a Timóteo para ele não impor precipitadamente as mãos sobre alguém, destacando-o para o ministério (1 Tm 5.22).

Que Deus nos ajude.  Nenhum de nós é apto para o ministério. Somente pela graça podemos, em detrimento das circunstâncias, continuar em frente.  Ainda bem que também temos um pastor, o supremo pastor.

Deus nos abençoe.
No amor de Cristo,



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Pr. Luiz César : O QUE SIGNIFICA HOJE SOFRIMENTO PASTORAL
O QUE SIGNIFICA HOJE SOFRIMENTO PASTORAL
Pr. Luiz César
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